Eu não falo com ele!

Saulo, também chamado Paulo, foi um dos principais cristãos no início da igreja. Suas cartas e textos compõem boa parte do Novo Testamento, e nos permitem conhecer a fundo princípios tão importantes do Cristianismo, tal como foram difundidos na igreja primitiva. Porém, antes de se tornar cristão e apóstolo, Paulo na verdade perseguia os seguidores de Jesus. Como farizaico fervoroso, ele não reconhecia a divindade de Jesus, e atacava a igreja. Foi em um encontro com o próprio Jesus, no caminho a Damasco, que Paulo se converteu.
Mas naquela época não havia whatsapp e instagram… As notícias corriam muito mais devagar, e muitos discípulos estavam com medo de Paulo. Mesmo aqueles que já tinham ouvido sobre sua conversão podiam acreditar que fosse uma mentira, um truque de Paulo para chegar ate a igreja e apunhalá-la.
Nesse clima de tensão e medo, veja que uma pessoa decide romper a cortina e dar uma chance para Paulo:
26 Quando chegou a Jerusalém, [Saulo] tentou reunir-se aos discípulos, mas todos estavam com medo dele, não acreditando que fosse realmente um discípulo.
27 Então Barnabé o levou aos apóstolos e lhes contou como, no caminho, Saulo vira o Senhor, que lhe falara, e como em Damasco ele havia pregado corajosamente em nome de Jesus.
28 Assim, Saulo ficou com eles, e andava com liberdade em Jerusalém, pregando corajosamente em nome do Senhor.
Atos 9
Graças à atitude autruista de Barnabé, Paulo chegou até os apóstolos e foi tão usado por Deus para que a palavra divina chegasse a todos nós até os dias modernos.
Isso me faz pensar como muitas vezes não queremos “dar uma chance” para ouvir e nos aproximar de algumas pessoas, simplesmente pelas más coisas que ouvimos delas ou pelas diferenças de pensamentos e opiniões. E quantas oportunidades perdemos ao agir assim… Não quero dizer que devemos “nos sentar com zombadores para tomar parte na zombaria” (o que a Bíblia claramente nos aconselha contra). Mas que, firmes naquilo que acreditamos, devemos estar abertos para nos relacionar com todas as pessoas, e sempre mostrar o amor de Cristo a todos.
Isso vale dentro e fora da igreja.
Para fora, lembre-se como Cristo lidou com a mulher adúltera, a Samaritana, os paralíticos e leprosos, enfim, com todas as pessoas desprezadas pela sociedade de sua época. Ele tratou todos com amor! Não deixou de falar a verdade, comprometer seus princípios, ou alertar sobre os erros que as pessoas estavam comentendo. Mas, ainda assim, extendeu a mão e demonstrou compaixão.
Para os de dentro, acho que devemos nos lembrar da famosa frase:
No essencial, unidade; no não essencial, liberdade; em tudo, caridade. (Santo Agostinho)
Sim, existem muitas correntes teológicas e divergências entre os cristãos. Mas o mais importante é que tenhamos concordância naquilo que é fundamento de nossa fé (a divindade de Cristo, a queda humana, o perdão através do sacrifício de Jesus, a ressureição, etc.). E, nos “pormenores”, cada grupo têm liberdade de decidir como preferem praticar determinadas “tradições”. Mas, em tudo, deve haver amor e caridade para com todos.
Lembremos também da importante “dura” de:
Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está de pé ou cai. E ficará de pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar. (Romanos 14:4)
E também:
Pois, da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; a medida com que medirem será usada como medida para vocês. (Mateus 7:2)
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