Quem é Jesus?
As palavras Jesus Cristo não são um nome e um sobrenome - são um nome e um título. O nome Jesus deriva da forma grega Yeshua ou Josué, que signfica “Jeová salva” ou “o Senhor salva”.
O título Cristo é derivado da palavra grega para Messias, que significa “o ungido”. Dois ofícios, de rei e de sacerdote, são indicados no uso do título Cristo. Esse título afirma Jesus como o rei e o sacerdote prometido nas profecias do Antigo Testamento. É uma afirmação essencial para o entendimento correto de Jesus e do cristianismo.
Josh McDowell & Sean McDowell, “Mais que um carpinteiro”
Um mestre? Uma pessoa “de moralidade elevada”? Um homem bom? Afinal, quem é Jesus? O que a Biblia diz sobre ele?
No príncipio, era aquele que é a Palavra
Os quatro evangelhos nos contam a mesma história, sobre perspectivas ligeiramente diferentes. Todos estes livros falam da história e ministério de Jesus. No início do evangelho de João, somos lembrados criação do mundo, e de que Jesus também estava lá:
No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ela estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito.
João 1:1-3
Note que, João faz aqui uma referência bastante clara a Genesis. O evangelista diz que Jesus é a Palavra (ou o Verbo), e que por meio dele tudo foi criado. Em Genesis 1, lemos que o meio por qual Deus criou tudo foi justamente falando. Chamando as coisas à existência:
No princípio Deus criou os céus e a terra. Era a terra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. Disse Deus: “Haja luz”, e houve luz.
Genesis 1:1-3
João diz que Jesus era Deus. O próprio Deus, nascido em forma humana, como Paulo afirma em sua carta aos Filipenses:
Seja o modo de pensar de vocês o mesmo de Cristo Jesus, que, apesar de ser Deus, não considerou que a sua igualdade com Deus era algo que deveria ser usado como vantagem; antes, esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo, tornando‑se semelhante aos homens.
Filipenses 2:5-7
Essa aproximação de Deus até sua criação também fora prometida em profecias do antigo testamento:
Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. Ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.
Isaias 9:6
Profecia que é reafirmada no novo testamento:
“A virgem ficará grávida, dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel”, que significa “Deus conosco”.
Mateus 1:23
Outras passagens
Tal afirmação, de que Jesus é Deus, pode ser encontrada em diversos outros textos bíblicos:
Pois toda a plenitude da divindade habita corporalmente em Cristo
Colossenses 2:9
Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido.
João 1:18
Jesus disse a Tomé:
― Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e coloque‑a no meu lado. Pare de duvidar e creia.
Tomé lhe disse:
― Senhor meu e Deus meu!João 20:27-28
Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.
Tito 2:11-13
Deles [o povo de Israel] são os patriarcas, e a partir deles se traça a linhagem humana de Cristo, que é Deus acima de todos, bendito para sempre! Amém.
Romanos 9:5
E o que Jesus diz?
Ok, mas alguém poderia dizer que todas estas passagens mostram outras pessoas falando de Jesus. Podemos encontrar trechos onde o próprio Jesus afirma ser Deus?
Filipe disse:
― Senhor, mostra‑nos o Pai, e isso nos basta.
Jesus respondeu:
― Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem vê a mim vê o Pai. Como você pode dizer: “Mostra‑nos o Pai”? Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu digo a vocês não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que permanece em mim, é quem realiza a sua obra.João 14:8-10
Aqui Jesus se coloca em pé de igualdade com o Pai, dizendo que os dois são um. Em outro emblemático trecho de João, vemos Jesus conversando com os fariseus, dizendo:
Em verdade lhes digo que, antes de Abraão nascer, Eu Sou!
João 8:58
Jesus não só afirmou que existe há muito mais tempo do que aqueles trinta e poucos anos em que estava entre os homens, mas usou uma expressão muito relevante e conhecida pelos seus interlocutores: “Eu Sou”. Essa expressão é usada pelo próprio Deus Pai no antigo testamento para se referir a sí, quando se apresenta a Moisés e os israelitas:
Moisés perguntou: “Quando eu chegar diante dos israelitas e lhes disser: O Deus dos seus antepassados me enviou a vocês, e eles me perguntarem: ‘Qual é o nome dele? ’ Que lhes direi? “
Disse Deus a Moisés: “Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês”.
Êxodo 3:13-14
Portanto, Jesus refere-se a sí mesmo usando o nome de Deus, conhecido pelos Judeus da época: YHWH, do hebraico antigo, ou “Eu sou o que sou”.
Se Jesus é Deus, porque ele fala com o Pai?
Excelente pergunta! Aqui entramos no conceito cristão da trindade. Embora essa palavra nunca seja mencionada diretamente na Bíblia, seu conceito está claramente presente. Veja que, em Genesis, quando Deus cria o homem, é dito:
Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão”.
Genesis 1:26
Porque Deus fala no plural aqui? “Façamos o homem à nossa imagem”… Não somos feitos à imagem de Deus? Existem múltiplos deuses? Não, a Biblia afirma repetidas vezes que há um só Deus (Desde os 10 mandamentos, em Êxodo 20, até o novo testamento, como em Efésios 4). Deus fala no plural aqui porque o Deus único coexiste em três pessoas: o Pai, o Filho (Jesus), e o Espirito Santo, do qual Jesus fala em:
E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Consolador, a fim de que esteja com vocês para sempre: é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Vocês o conhecem, porque ele habita com vocês e estará em vocês.
João 14:16-17
Estes três são Deus. Todos são um só Deus. É difícil para nossa mente humana compreender plenamente essa idéia, mas creio que, um dia, na eternidade, isso será tão claro como a luz do dia.
Outras possibilidades: um anjo?
Alguns se perguntam: “Entendo que Jesus é um ser superior mas, em vez de Deus, ele não poderia ser um anjo?” Vejamos o que é dito em Hebreus 1:
O Filho é o resplendor da glória de Deus, a expressão exata do seu ser, e sustenta todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas, pois é muito superior aos anjos, e o nome que herdou também é superior ao deles. Pois a qual dos anjos Deus alguma vez disse: “Você é meu Filho; eu hoje o gerei”? E outra vez: “Eu serei o seu Pai, e ele será o meu Filho”? Ainda, quando Deus introduz o Primogênito no mundo, diz: “Todos os anjos de Deus o adorem”. Quanto aos anjos, ele diz: “Ele faz os seus anjos como os ventos, e os seus servos, como fogo flamejante”. Contudo, a respeito do Filho, diz: “O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre; cetro de justiça é o cetro do teu reino.
Hebreus 1:3-8
Para mim, essa passagem é muito forte! Aqui vemos o próprio Deus Pai chamando Jesus de Deus, e dizendo que ele está muito acima dos anjos. Ele inclusive ordena que todos os anjos adorem a Jesus.
Falando em adoração, vemos também que Estêvão, o primeiro mártir cristão, clamou a Jesus enquanto estava sendo apedrejado em Atos 7:59 dizendo “Senhor Jesus, recebe o meu espírito.” E também vemos outras pessoas falando com Jesus, após sua morte, ressureição e assenção aos céus, como no final de Apocalipse 22: “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: ‘Sim, venho em breve!’ Amém. Vem, Senhor Jesus!”.
Essas passagens indicam que os primeiros cristãos reconheciam Jesus como digno de oração, refletindo sua divindade e sua posição como mediador e senhor.
E porque Jesus, sendo Deus, se fez homem?
Ah, que bom que você perguntou :) Esse é, na verdade, o ponto central da biblia, que pode ser entendido em quatro atos: criação, queda, resgate, e desfecho.
Criação
Em Gênesis vemos que Deus fez o homem e o colocou em um incrível jardim, onde todas as suas necessidades eram satisfeitas. A Palavra diz que o homem estava nu e não se envergonhava disso. Não havia mal no mundo ou consciência de vergonha. O homem se encontrava frequentemente com Deus, vivendo uma relação incrível com seu criador. A única ordem é que ele não comece o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Mas, como sabemos, Adão e Eva cederam à tentação.
Queda
A partir daquele momento, o pecado entrou no mundo. O pecado é o desviar da vontade perfeita e agradável de Deus. Quando isso aconteceu, o homem percebeu que estava nu e sentiu vergonha. Com o pecado, veio o afastamento de Deus e a morte espiritual. Ora, Deus é perfeito, e não pode se misturar com o mal. Logo, nossa escolha pelo mal fez com que nos afastassemos do nosso criador:
[…]todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus
Romanos 3:23
E mais: Deus nos criou à sua imagem e semelhança. Isso significa que, como um espelho dele, nós também somos seres eternos. Mas o fato de nos afastarmos de Deus fez com que o nosso destino eterno também se afastasse dele:
Porque o salário do pecado é a morte […]
_Romanos 6:23__
Redenção
A boa notícia (que aliás, é o significado da palavra “evangelho”, boas novas) é que o versículo anterior tem uma segunda parte:
Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, o nosso Senhor.
_Romanos 6:23__
É preciso que alguém pague o preço pelos nossos pecados, isto é: a morte (a morte eterna, não a “física”, pelo qual todos nós passaremos). Mas Deus, em sua infinita e imerecida bondade, tinha um plano: ele mesmo decidiu se fazer homem e carregar todos os pecados em sí, pagando o preço para toda a humanidade. Para todo aquele que aceitar esse presente gratuito e imerecido.
sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para expiação pelo seu sangue, para ser recebido pela fé, de forma a demonstrar sua justiça
Romanos 3:24-25
E assim, embora sendo Deus, mas em forma humana, Jesus morreu por nós. E depois, ressucitou!
Desfecho
No fim de todas as coisas, o autor da vida voltará para completar sua obra e levar todos que aceitaram esse presente imerecido, de todos os povos, raças e denominações, para uma nova vida onde não haverá mais sofrimento. Lembramos, porém, que quando o autor de um espetáculo retorna ao palco, é porque a peça chegou ao fim. É preciso tomar uma decisão de aceitar ou não o presente, antes que a peça termine.
Uma parábola moderna
O homem entrou no tribunal e sentou na cadeira do réu. Após ouvir um relatório com todos os seus crimes, o juiz o declarou culpado, sentenciando-o à prisão perpétua. O homem não argumentou pois sabia que sua sentença era justa.
Porém, após bater o martelo, o juiz desceu de sua cadeira, despiu-se de sua túnica e estendeu as mãos para receber as algemas no lugar do homem, tomando sobre sí a condenação. Aquele criminoso era, na verdade, seu filho.
Esta parábola moderna pode ser encontrada em varias versões e sua autoria é desconhecida. Ela traz uma analogia muito interessante para ilustrar o ponto central do cristianismo: que Deus tomou sobre si a setença que nós mereciamos. Mas, para além disso, ela ajuda a responder algumas perguntas importantes que surgem àquele que se depara com a fé cristã.
Alguns se questionam: sendo Deus todo-poderoso, ele não poderia simplesmente “apagar” ou “esquecer” nossos erros?
O ponto de partida à resposta para essa pergunta poderia ser um segundo questionamento: E isso seria justo? Veja, na parábola do pai juiz, se após ouvir os crimes do filho ele simplesmente tivesse tido “Eu o declaro inoscente. Você está perdoado dos seus crimes perante esta corte.”, isso seria correto? Todos havemos de concordar que não… A sentença foi justa. **Mas a boa notícia é que além de juiz e justo, ele também era um pai amaroso, e por isso decidiu pagar ele mesmo pelos crimes do filho.
A justiça foi feita e o homem foi perdoado, sem que uma coisa inviabilizasse a outra. Em um ato de amor e misericórdia, o juiz assume a punição em lugar do filho, simbolizando o sacrifício de Jesus na cruz.
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