Quem é Jesus?

Matheus Tavares
Por Matheus Tavares em
Quem é Jesus?

As palavras Jesus Cristo não são um nome e um sobrenome - são um nome e um título. O nome Jesus deriva da forma grega Yeshua ou Josué, que signfica “Jeová salva” ou “o Senhor salva”.

O título Cristo é derivado da palavra grega para Messias, que significa “o ungido”. Dois ofícios, de rei e de sacerdote, são indicados no uso do título Cristo. Esse título afirma Jesus como o rei e o sacerdote prometido nas profecias do Antigo Testamento. É uma afirmação essencial para o entendimento correto de Jesus e do cristianismo.

Josh McDowell & Sean McDowell, “Mais que um carpinteiro”

Um mestre? Uma pessoa “de moralidade elevada”? Um homem bom? Afinal, quem é Jesus? O que a Biblia diz sobre ele?

No príncipio, era aquele que é a Palavra

Os quatro evangelhos nos contam a mesma história, sobre perspectivas ligeiramente diferentes. Todos estes livros falam da história e ministério de Jesus. No início do evangelho de João, somos lembrados criação do mundo, e de que Jesus também estava lá:

No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ela estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito.

João 1:1-3

Note que, João faz aqui uma referência bastante clara a Genesis. O evangelista diz que Jesus é a Palavra (ou o Verbo), e que por meio dele tudo foi criado. Em Genesis 1, lemos que o meio por qual Deus criou tudo foi justamente falando. Chamando as coisas à existência:

No princípio Deus criou os céus e a terra. Era a terra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. Disse Deus: “Haja luz”, e houve luz.

Genesis 1:1-3

João diz que Jesus era Deus. O próprio Deus, nascido em forma humana, como Paulo afirma em sua carta aos Filipenses:

Seja o modo de pensar de vocês o mesmo de Cristo Jesus, que, apesar de ser Deus, não considerou que a sua igualdade com Deus era algo que deveria ser usado como vantagem; antes, esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo, tornando‑se semelhante aos homens.

Filipenses 2:5-7

Essa aproximação de Deus até sua criação também fora prometida em profecias do antigo testamento:

Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. Ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.

Isaias 9:6

Profecia que é reafirmada no novo testamento:

“A virgem ficará grávida, dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel”, que significa “Deus conosco”.

Mateus 1:23

Outras passagens

Tal afirmação, de que Jesus é Deus, pode ser encontrada em diversos outros textos bíblicos:

Pois toda a plenitude da divindade habita corporalmente em Cristo

Colossenses 2:9

Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido.

João 1:18

Jesus disse a Tomé:
― Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e coloque‑a no meu lado. Pare de duvidar e creia.
Tomé lhe disse:
Senhor meu e Deus meu!

João 20:27-28

Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.

Tito 2:11-13

Deles [o povo de Israel] são os patriarcas, e a partir deles se traça a linhagem humana de Cristo, que é Deus acima de todos, bendito para sempre! Amém.

Romanos 9:5

E o que Jesus diz?

Ok, mas alguém poderia dizer que todas estas passagens mostram outras pessoas falando de Jesus. Podemos encontrar trechos onde o próprio Jesus afirma ser Deus?

Filipe disse:
― Senhor, mostra‑nos o Pai, e isso nos basta.
Jesus respondeu:
― Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem vê a mim vê o Pai. Como você pode dizer: “Mostra‑nos o Pai”? Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu digo a vocês não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que permanece em mim, é quem realiza a sua obra.

João 14:8-10

Aqui Jesus se coloca em pé de igualdade com o Pai, dizendo que os dois são um. Em outro emblemático trecho de João, vemos Jesus conversando com os fariseus, dizendo:

Em verdade lhes digo que, antes de Abraão nascer, Eu Sou!

João 8:58

Jesus não só afirmou que existe há muito mais tempo do que aqueles trinta e poucos anos em que estava entre os homens, mas usou uma expressão muito relevante e conhecida pelos seus interlocutores: “Eu Sou”. Essa expressão é usada pelo próprio Deus Pai no antigo testamento para se referir a sí, quando se apresenta a Moisés e os israelitas:

Moisés perguntou: “Quando eu chegar diante dos israelitas e lhes disser: O Deus dos seus antepassados me enviou a vocês, e eles me perguntarem: ‘Qual é o nome dele? ’ Que lhes direi? “

Disse Deus a Moisés: “Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês”.

Êxodo 3:13-14

Portanto, Jesus refere-se a sí mesmo usando o nome de Deus, conhecido pelos Judeus da época: YHWH, do hebraico antigo, ou “Eu sou o que sou”.

Se Jesus é Deus, porque ele fala com o Pai?

Excelente pergunta! Aqui entramos no conceito cristão da trindade. Embora essa palavra nunca seja mencionada diretamente na Bíblia, seu conceito está claramente presente. Veja que, em Genesis, quando Deus cria o homem, é dito:

Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão”.

Genesis 1:26

Porque Deus fala no plural aqui? “Façamos o homem à nossa imagem”… Não somos feitos à imagem de Deus? Existem múltiplos deuses? Não, a Biblia afirma repetidas vezes que há um só Deus (Desde os 10 mandamentos, em Êxodo 20, até o novo testamento, como em Efésios 4). Deus fala no plural aqui porque o Deus único coexiste em três pessoas: o Pai, o Filho (Jesus), e o Espirito Santo, do qual Jesus fala em:

E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Consolador, a fim de que esteja com vocês para sempre: é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Vocês o conhecem, porque ele habita com vocês e estará em vocês.

João 14:16-17

Estes três são Deus. Todos são um só Deus. É difícil para nossa mente humana compreender plenamente essa idéia, mas creio que, um dia, na eternidade, isso será tão claro como a luz do dia.

Outras possibilidades: um anjo?

Alguns se perguntam: “Entendo que Jesus é um ser superior mas, em vez de Deus, ele não poderia ser um anjo?” Vejamos o que é dito em Hebreus 1:

O Filho é o resplendor da glória de Deus, a expressão exata do seu ser, e sustenta todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas, pois é muito superior aos anjos, e o nome que herdou também é superior ao deles. Pois a qual dos anjos Deus alguma vez disse: “Você é meu Filho; eu hoje o gerei”? E outra vez: “Eu serei o seu Pai, e ele será o meu Filho”? Ainda, quando Deus introduz o Primogênito no mundo, diz: “Todos os anjos de Deus o adorem”. Quanto aos anjos, ele diz: “Ele faz os seus anjos como os ventos, e os seus servos, como fogo flamejante”. Contudo, a respeito do Filho, diz: “O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre; cetro de justiça é o cetro do teu reino.

Hebreus 1:3-8

Para mim, essa passagem é muito forte! Aqui vemos o próprio Deus Pai chamando Jesus de Deus, e dizendo que ele está muito acima dos anjos. Ele inclusive ordena que todos os anjos adorem a Jesus.

Falando em adoração, vemos também que Estêvão, o primeiro mártir cristão, clamou a Jesus enquanto estava sendo apedrejado em Atos 7:59 dizendo “Senhor Jesus, recebe o meu espírito.” E também vemos outras pessoas falando com Jesus, após sua morte, ressureição e assenção aos céus, como no final de Apocalipse 22: “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: ‘Sim, venho em breve!’ Amém. Vem, Senhor Jesus!”.

Essas passagens indicam que os primeiros cristãos reconheciam Jesus como digno de oração, refletindo sua divindade e sua posição como mediador e senhor.

E porque Jesus, sendo Deus, se fez homem?

Ah, que bom que você perguntou :) Esse é, na verdade, o ponto central da biblia, que pode ser entendido em quatro atos: criação, queda, resgate, e desfecho.

Criação

Em Gênesis vemos que Deus fez o homem e o colocou em um incrível jardim, onde todas as suas necessidades eram satisfeitas. A Palavra diz que o homem estava nu e não se envergonhava disso. Não havia mal no mundo ou consciência de vergonha. O homem se encontrava frequentemente com Deus, vivendo uma relação incrível com seu criador. A única ordem é que ele não comece o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Mas, como sabemos, Adão e Eva cederam à tentação.

Queda

A partir daquele momento, o pecado entrou no mundo. O pecado é o desviar da vontade perfeita e agradável de Deus. Quando isso aconteceu, o homem percebeu que estava nu e sentiu vergonha. Com o pecado, veio o afastamento de Deus e a morte espiritual. Ora, Deus é perfeito, e não pode se misturar com o mal. Logo, nossa escolha pelo mal fez com que nos afastassemos do nosso criador:

[…]todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus

Romanos 3:23

E mais: Deus nos criou à sua imagem e semelhança. Isso significa que, como um espelho dele, nós também somos seres eternos. Mas o fato de nos afastarmos de Deus fez com que o nosso destino eterno também se afastasse dele:

Porque o salário do pecado é a morte […]

_Romanos 6:23__

Redenção

A boa notícia (que aliás, é o significado da palavra “evangelho”, boas novas) é que o versículo anterior tem uma segunda parte:

Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, o nosso Senhor.

_Romanos 6:23__

É preciso que alguém pague o preço pelos nossos pecados, isto é: a morte (a morte eterna, não a “física”, pelo qual todos nós passaremos). Mas Deus, em sua infinita e imerecida bondade, tinha um plano: ele mesmo decidiu se fazer homem e carregar todos os pecados em sí, pagando o preço para toda a humanidade. Para todo aquele que aceitar esse presente gratuito e imerecido.

sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para expiação pelo seu sangue, para ser recebido pela fé, de forma a demonstrar sua justiça

Romanos 3:24-25

E assim, embora sendo Deus, mas em forma humana, Jesus morreu por nós. E depois, ressucitou!

Desfecho

No fim de todas as coisas, o autor da vida voltará para completar sua obra e levar todos que aceitaram esse presente imerecido, de todos os povos, raças e denominações, para uma nova vida onde não haverá mais sofrimento. Lembramos, porém, que quando o autor de um espetáculo retorna ao palco, é porque a peça chegou ao fim. É preciso tomar uma decisão de aceitar ou não o presente, antes que a peça termine.

Uma parábola moderna

O homem entrou no tribunal e sentou na cadeira do réu. Após ouvir um relatório com todos os seus crimes, o juiz o declarou culpado, sentenciando-o à prisão perpétua. O homem não argumentou pois sabia que sua sentença era justa.

Porém, após bater o martelo, o juiz desceu de sua cadeira, despiu-se de sua túnica e estendeu as mãos para receber as algemas no lugar do homem, tomando sobre sí a condenação. Aquele criminoso era, na verdade, seu filho.

Esta parábola moderna pode ser encontrada em varias versões e sua autoria é desconhecida. Ela traz uma analogia muito interessante para ilustrar o ponto central do cristianismo: que Deus tomou sobre si a setença que nós mereciamos. Mas, para além disso, ela ajuda a responder algumas perguntas importantes que surgem àquele que se depara com a fé cristã.

Alguns se questionam: sendo Deus todo-poderoso, ele não poderia simplesmente “apagar” ou “esquecer” nossos erros?

O ponto de partida à resposta para essa pergunta poderia ser um segundo questionamento: E isso seria justo? Veja, na parábola do pai juiz, se após ouvir os crimes do filho ele simplesmente tivesse tido “Eu o declaro inoscente. Você está perdoado dos seus crimes perante esta corte.”, isso seria correto? Todos havemos de concordar que não… A sentença foi justa. **Mas a boa notícia é que além de juiz e justo, ele também era um pai amaroso, e por isso decidiu pagar ele mesmo pelos crimes do filho.

A justiça foi feita e o homem foi perdoado, sem que uma coisa inviabilizasse a outra. Em um ato de amor e misericórdia, o juiz assume a punição em lugar do filho, simbolizando o sacrifício de Jesus na cruz.

Matheus Tavares

Matheus Tavares

Olá! Sou um desenvolvedor de software, cristão, esquecido crônico, metódico em desconstrução (ou pelo menos tentando), amante da natureza e, principalmente, de estar com pessoas. Gosto de esportes, caminhar, sair, e escrever. Esse blog é meu pequeno caderno de anotações pessoais. Coisas que gostaria de lembrar.

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